O Brasil conta atualmente com mais de 2,3 milhões de professores atuando na educação básica, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025. Desse total, cerca de 1,8 milhão estão na rede pública. Mesmo assim, o país enfrenta uma crise silenciosa de escassez e desvalorização docente.
Dados da OCDE (pesquisa TALIS 2024, divulgada em 2025) mostram que apenas 64% dos professores brasileiros possuem contrato permanente, contra 81% na média internacional. Ou seja, mais de um terço do magistério nacional vive de vínculos temporários ou substituições — um retrato de instabilidade que compromete o planejamento escolar e desestimula novas gerações de educadores.
Dado alarmante: a pesquisa “Todos Pela Educação” aponta que 12,5% dos professores da educação básica ainda não possuem curso superior completo. Em estados como o Acre, esse número sobe para 18,4%, enquanto no Ceará cerca de 15% dos docentes lecionam sem graduação.
Mesmo com o piso nacional reajustado em 2025 para R$ 4.867,77, parcela considerável das redes estaduais e municipais ainda paga abaixo desse valor. A disparidade entre estados é enorme: enquanto professores do Distrito Federal recebem em média R$ 5.167,64, no Rio Grande do Norte o salário médio fica em torno de R$ 1.798,51.
Ordenados baixos em um país acostumado a saber que um político de médio escalão “investe” isso e muito mais em um vinho reservado seguido por um bom jantar e sobremesa. Convenhamos!
Há sinais de déficit
A Fundação Carlos Chagas estima que o país poderá enfrentar um déficit de até 235 mil professores até 2040, caso não haja valorização real da carreira. Hoje, apenas 22% dos docentes brasileiros afirmam estar satisfeitos com o salário, segundo a TALIS.
Em estados como Sergipe, o governo reconhece que as vagas ofertadas “representam apenas 6% da demanda total” da rede estadual, o que significa mais de 4.500 professores em falta. No Rio Grande do Sul, concursos recentes com 6 mil vagas abertas ainda não conseguiram preencher todas as posições.
Esses números revelam um cenário de vagas disponíveis, mas poucos candidatos — consequência direta da baixa atratividade da carreira e da falta de perspectivas de crescimento profissional.
O déficit de docentes é especialmente grave nas regiões Norte e Nordeste, em que a precarização dos contratos e a carência de formação adequada se somam a condições de infraestrutura mais frágeis.
Enquanto isso, as regiões Sul e Sudeste concentram melhores indicadores salariais e maior proporção de professores com ensino superior completo — embora também enfrentem dificuldades de reposição e excesso de temporários.
A desigualdade estrutural cria uma dupla exclusão: alunos das áreas mais pobres recebem menos investimento e contam com professores menos qualificados ou mais instáveis, agravando o ciclo de desigualdade educacional.
O poder da educação impressa
Em meio a esse cenário, a mídia impressa educacional continua sendo uma aliada essencial do processo de aprendizagem — especialmente nas regiões em que o acesso à internet é limitado ou em que a infraestrutura tecnológica é precária.
Livros didáticos, apostilas e materiais de apoio impressos garantem equidade no acesso ao conhecimento, oferecendo conteúdo padronizado e de qualidade a milhões de alunos, independentemente da conectividade digital.
Mais que isso, o material impresso tem valor pedagógico consolidado: facilita o planejamento do professor, a autonomia do aluno e a revisão do conteúdo em casa — uma dimensão ainda insubstituível mesmo com a expansão das plataformas digitais.
Vale ressaltar que a indústria gráfica nacional está preparada para atender plenamente a essa demanda educacional. Segundo a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), o setor cresceu 4,5% em empregos diretos em 2024, chegando a 175 mil postos de trabalho formais. O Brasil conta com um dos parques gráficos mais modernos do mundo, capaz de imprimir em larga escala com padrões de qualidade internacional, atendendo às demandas de programas como o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e de redes privadas de ensino.
Considerações:
O futuro da educação brasileira passa pela valorização do professor e pela integração astuta de mídias — digitais e impressas. Valorizar o magistério, oferecer carreiras estáveis e aproveitar a potência da indústria gráfica são passos decisivos para garantir que a educação brasileira avance com qualidade, inclusão e equidade.
Porém, contudo, todavia e, entretanto, enquanto a população não recebe educação de qualidade, mais fácil fica o controle governamental.
Um país pobre de informação é um país que prospera pelo nado ruim, gera um ambiente para decisões autoritárias e antidemocráticas. Assim funciona o Brasil até o presente momento. Educação falta e tende a faltar ainda mais.

